Concluindo Abril Iniciando Maio

Com maio que chegou, começámos a leitura de Ilíada de Homero no Clube Clássicos de Leitura.

Que bom começar assim o mês de Maio! Já o sol, anda sem vontade de acompanhar a primavera. Temos tido frio, vento, chuva e pouco sol. Mas as leituras, estão em altas. Feliz, feliz, feliz por vos contar o que andei a ler e a ver, pelo mês de Abril águas mil 🌦️.

Comecei o mês, a ler Aparição de Virgílio Ferreira. E o que adorei este livro! Tão bem escrito, de prosa poética, filosófico, contemplativo. A principio senti que esta leitura se aproximava de Thomas Mann, mas concluindo, senti que Virgilio Ferreira escreve ainda melhor.

As descrições da cidade de Évora e de toda a forma de vida alentejana, é tão real, que me senti passeando e revivendo todos os passos que dei naquela cidade, bem como, das paisagens alentejanas por onde passei.

A minha primeira visita a Évora, foi precisamente por causa da adaptação para cinema deste livro, com o mesmo nome Aparição de Fernando Vendrell. Depois de ver o filme, tive de ir conhecer Évora, o Menir e o Cromeleque dos Almendres. Claro, tive de ler o livro. Se ainda não viu o filme, nem leu o livro, aconselho a ler o livro primeiro, depois conhecer Évora e depois ver o filme. O livro é muito bom, o filme também, mas deixa-nos um pouco sem entender algumas coisas, caso não tenhamos lido o livro primeiro.

Aparição é um romance de 1959 que retrata a vida, as emoções, os pensamentos e reflexões de Alberto, um professor de Coimbra, que vai dar aulas no Liceu de Évora. Lá, conhece uma família e, acaba por ter um relacionamento um pouco tumultuoso com as filhas, Sofia, Ana e Cristina, principalmente com Sofia, que é uma mulher diferente, intensa, lindíssima e, um tanto ou quanto misteriosa, a quem Alberto, vem a dar aulas particulares de latim e  vem despertar os ciúmes de Carolino, um aluno que também mantém um relacionamento com Sofia. Vai conhecendo Évora, fazendo alguns contactos, descobrindo uma sociedade um pouco fechada, onde estão salientes as diferenças sociais e onde se torna difícil fazer amigos. Cada inicio de capitulo é um poema completo, senti vontade de sublinhar tudo, para voltar mais tarde e reler as partes que mais gostei, foram muitas as vezes que peguei no meu lápis de carvão, que tenho na mesinha de cabeceira e que sublinhei trechos inteiros, reforçando com chavetas aquilo que queria mesmo manter visível e não deixar o coração esquecer. Neste livro encontrei-me e reencontrei o Alentejo, chorei e nunca tinha chorado até então com nenhum outro. Até agora o melhor livro que li em 2025.

Entretanto, continuando com os livros de Abril, iniciei a audio-leitura do livro The Great Alone de Kistin Hannah, este livro tem uma história que nos cativa logo de inicio, devido à natureza dos acontecimentos, prende-nos a atenção, sem querer-mos parar de ler, porque é daquelas histórias que queremos saber o que acontece a seguir. Acontece que, com a continuação, tem-se tornado um pouco demasiado, relativamente aos acontecimentos negativos, que se estendem ao longo de toda a narrativa. Aqui é uma questão de sobrevivência, em que a mesma, está em risco permanente.

Esta história passa-se no Alasca, é sobre uma família disfuncional, com o pai alcoólico, em que a mãe tem uma dependência física e emocional com o pai. A menina, que no inicio do livro tem doze anos, apercebe-se que a sua vida é diferente, bem como o relacionamento que tem com os pais. A família decide mudar-se para o Alasca, na tentativa de que tudo venha a melhorar, mas aqui as condições difíceis de vida, tornam o mal que já existe, em pior. É interessante a visão que nos vai dando da vida no Alasca, aqui muito bem descrita pelas palavras da autora. Retrata maus tratos, dependência, sobrevivência. É um livro semi-autobiográfico.

Entretanto, li o livro Rene & Glumfoot in The Café at the edge of The Woods de Mikey Please que é um livro muito giro, sobre um café/restaurante que abre no limite da floresta e que conta com uns clientes, um tanto ou quanto diferentes, com um apetite igualmente estranho. Rene, sonhava com culinária requintada e então, decide juntar todos os feijões e construir um edifício viga por viga, o café à beira da floresta. As ilustrações são deliciosas e a história muito inspiradora.

Já no fim de abril, quando terminei a leitura da Aparição, iniciei o livro A Casa dos Espíritos de Isabel Allende, um livro que comecei logo a gostar com o primeiro capítulo, mas ao longo do segundo capitulo, muito me questionei, se desejo continuar esta leitura, pois tornou-se difícil, retratando um tema que me incomoda, uma personagem que viola raparigas muito jovens tornado-se muito autoritário e austero. Não creio que seja o meu tipo de leitura, por isso estou tentada a não ler. Mas irei dar mais uma oportunidade, talvez com o terceiro capitulo, venha a sentir um maior entusiasmo por esta leitura. É o meu primeiro livro de Isabel Allende, por essa razão não sei o que esperar.

Vou também deixar aqui uma lista dos filmes que vi ao longo do mês de abril, todos eles muito bons:

  • Senhor dos Anéis a Guerra dos Rohirrim de Kenji Kamiyama - HBO Max;

  • Um Sonho em Paris de Anthony Fabian - Netflix;

  • Du Fu - China´s Greatest Poet (BBC) - ver aqui;

  • Primavera, Verão, Outono, Inverno… Primavera de Kim Ki Duk - Filmin;

  • Folhas Caídas de Aki Kaurismäki - Filmin;

  • O Mal Não Está Aqui de Ryusuke Hamaguchi - Filmin;

  • Aqui de Bas Devos - Filmin;

  • Memórias Póstuma de Brás Cubas de André Klotze - ver aqui.

Neste iniciozinho de Maio, estou a ler A Casa dos Espíritos de Isabel Allende, The Gift of Silence de Kankyo Tannier, o audiolivro The Great Alone de Kistin Hannah e no Clube Clássicos de Leitura estamos a ler Ilíada de Homero.

E por aí, que lêem vós?

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Veja aqui o vídeo sobre este tema no canal @contemlivros no YouTube

Desejo-vos um lindo Maio, com leituras e aventuras, com alegria de viver e Amor no coração.

Até breve!

Maria

Maria Antonieta Campos

Olá! Sou a Maria Antonieta Campos, mãe de três, poetisa, produtora de conteúdos digitais. Em 2019 mudei-me com os meus filhos, para uma casa algures numa aldeia de Portugal. Desde então, passo muito tempo na cozinha, cozinhando e ouvindo música, despertando os meus sentidos para a vida doce e para o bem comer. Pacifista, amante da Natureza e de tudo aquilo que fazemos parte, encontro na vida do campo um modo slow de viver, aprendendo a ser autónoma e a ultrapassar a cada dia, as dificuldades que uma rapariga nascida e criada na cidade, naturalmente encontra ao chegar à aldeia. Livros e pão são a minha paixão, paz é o meu lema. O Contém Livros surgiu aqui, nesta casa em 2020 com uma etiqueta colada na testa, que ao fim e ao cabo, esta etiqueta, diz quase tudo sobre mim…

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Leitura de Maio do CCL